Top 10: os desfiles em destaque na Nova York Fashion Week

16/02/2024 - por Izabella Toledo (@izabellatmelo)

A temporada de moda de Nova Iorque aconteceu entre os dias 9 e 14 de fevereiro

Carolina Herrera, Thom Browne e Area foram alguns destaques da edição. (Fotos: reprodução Vogue/Runway)

Na Big Apple, se vestir é assunto sério. A cidade, que é cenário de “Sex and the City”, “O Diabo Veste Prada” e tantas outras produções que se destacam pela moda, recebeu, nos últimos dias, pessoas do mundo inteiro para apresentar as tendências do inverno 2024.

Os designers levaram o público a um passeio completo pela cidade: Stuart Vevers (Coach) apresentou os principais pontos turísticos, Tommy Hilfiger mostrou o lifestyle norte-americano e Thom Browne encerrou com uma peça teatral fashion (quase um off-Broadway).

Confira os 10 desfiles dessa temporada que não podem ser ignorados:

Helmut Lang

Diretor de criação da marca desde maio de 2023, Peter Do participou de sua segunda semana de moda de Nova Iorque e revisitou o clássico minimalismo do designer que dá nome à marca. No final da década de 1980, Lang estreou com uma coleção que ia na contramão do que era feito naquele momento: apresentou roupas simples, para o dia a dia, em contraste ao maximalismo disco da época.

Quando Do assumiu a etiqueta, a falta de vivacidade na passarela quebrou as altas expectativas do público. Nessa temporada, as atenções se voltaram à passarela do designer na esperança de algo inovador. O criativo resgatou o que foi construído na última coleção, silhuetas e padrões, se inspirou na alfaiataria de Lang e incorporou seu conceito: “Protection vs. Projection” (em português, “proteção versus projeção”).

A ideia de proteção está refletida em diversos elementos, como um colete à prova de balas, golas e balaclavas que protegem do frio e o plástico bolha, material inusitado já explorado por Lang em 2003. Do criou, portanto, uma espécie de armadura, que protege quem veste.

Apesar do toque de ousadia, Peter Do ainda não chegou exatamente lá. O que se espera é maior sensibilidade e originalidade, assim como faz em sua marca homônima.

Foto: Helmut Lang. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Willy Chavarria

Contando uma história de amor e proteção, Chavarria abriu seu show com um curta-metragem “Safe from Harm” — inicialmente, a coleção não seria apresentada na passarela, apenas no filme. Ao fim da apresentação da produção, os modelos começaram a entrar.

Suas modelagens oversized, já conhecidas do público, apareceram novamente, mas, dessa vez, em estruturas mais elegantes. Blazers bem ajustados com ombros largos sobrepunham peças de lã em xadrez e houndstooth, e chapéus estilo cowboy completavam o styling, em exaltação à cultura Chicana, isto é, dos norte-americanos com origens mexicanas.

Foto: Willy Chavarria. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Tommy Hilfiger

Após uma pausa dos grandes eventos, a marca, que é a cara da “Big Apple”, escolheu Manhattan para apresentar “A New York Moment”. A nova coleção trouxe itens essenciais do guarda-roupa norte-americano: calças de alfaiataria, camisas polo, camisas e suéteres.

Apesar das silhuetas clássicas, Hilfiger apresentou todas elas sob um olhar jovem e descolado, parte fundamental de seu DNA. Gravatas afrouxadas, bonés, minissaias plissadas e jaquetas universitárias fizeram o contraste e acrescentaram jovialidade ao visual.

Na paleta de cores, além do cáqui, vermelho, azul e branco se destacaram — cores da Tommy e da bandeira estado-unidense.

Foto: Tommy Hilfiger. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

PatBO

Veterana na NYFW, a brasileira PatBO já provou sua versatilidade aos norte-americanos. De coleções frescas e tropicais a apresentações vibrantes, a mineira Patrícia Bonaldi não abre mão de técnicas artesanais, e, nessa temporada, não foi diferente. Em um show glamouroso, a estilista desfilou modelagens bem femininas, cheias de recortes e pele à mostra.

Intitulada “Femme Frames”, a coleção retrata uma mulher ousada e elegante. Apesar da paleta de tons sóbrios, as produções não passam despercebidas: texturas, ornamentos e brilhos bem trabalhados traduzem os motivos pelos quais a label conquistou seu espaço no calendário de moda internacional.

Foto: PatBO. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: site)

Area

Completando uma década no mercado, Piotrek Panszczyk adotou os olhos como ponto de partida para a nova coleção. Sob uma perspectiva da arte — seja o surrealismo da década de 1920 ou a Pop Art dos anos 1960 — formatos oculares animados fizeram parte das composições lúdicas desfiladas. A escolha simboliza a audiência, que se conecta à moda por meio da observação.

As formas arredondadas se transformaram em flores maximalistas, cristais gigantes e estampas que lembram manchas de dálmatas. Tudo isso combinado a técnicas artesanais e a um complexo desenvolvimento têxtil.

Foto: Area. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Carolina Herrera

Para essa temporada, Wes Gordon explora beleza e força — elementos que, para ele, caminham lado a lado — e se inspira na trajetória da própria fundadora da marca. A venezuelana manteve suas influências latinas por muitos anos, até se mudar para Nova Iorque e adotar itens básicos.

Como um reflexo do que Herrera veste, looks ultrafemininos foram desfilados com um ar poderoso: flores, mangas bufantes e babados foram intercalados com silhuetas ajustadas ao corpo e referências típicas da mulher contemporânea, como casacos retos e camisaria.

Além da dicotomia entre latina e estado-unidense, Anderson também construiu um guarda-roupa que provoca o encontro entre outros opostos: designs para o dia versus peças para a noite; cartelas lisas versus explosões de estampas vibrantes; silhuetas femininas versus masculinas.

O designer provou, mais uma vez, entender a mulher Carolina Herrera: elegante e cheia de personalidade.

Foto: Carolina Herrera. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Coach

Pense em sua primeira vez em Nova Iorque. Certamente, você tem uma lista mental de elementos que não podem ser ignorados: o táxi amarelo, a Estátua da Liberdade e as lojinhas de souvenirs que ocupam cada esquina. Stuart Vevers trouxe, para a passarela da Coach, referências de sua primeira vez na “Big Apple”, na década de 1990, e isso foi traduzido, de forma literal, nos penduricalhos das bolsas.

O show, que apresentou uma feminilidade punk, provoca o público a reimaginar o luxo. A ideia de Vevers é aceitar a imperfeição e celebrar a individualidade e a autoexpressão, ao invés de mimetizar a alta-costura. Um olhar atento percebe, inclusive, sinais de uso nas peças desfiladas — consequência e reflexo da nova abordagem do diretor criativo da Casa.

Mostrando-se atento ao apelo do público por sustentabilidade, o britânico, que já lidera a Coach por 10 anos, tem buscado novas formas de produção. Nas passarelas dessa temporada, jaquetas de motociclista, calças jeans e blusas de tafetá foram remodeladas a partir de peças de brechós.

Foto: Coach. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Puppets and Puppets

Uma das queridinhas do público cult desde a estreia na NYFW, em 2018, a marca de Carly Mark se despediu do público nessa edição. O plano agora é se mudar para Londres e investir em acessórios, um negócio que parece mais lucrativo para a estilista.

Apesar das falhas técnicas, a marca parece ter se aperfeiçoado sob o olhar do público e, nessa temporada, apresentou uma coleção que é um espelho de sua diretora criativa. Em sua despedida, Mark desenvolveu o que ela mesma gosta de usar.

Foto: Puppets and Puppets. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Luar

Ter um de seus assentos ocupados por Beyoncé Knowles-Carter é um privilégio de poucas marcas. Para uma label indie, de um designer dominicano-americano, o cenário pareceria improvável — mas não impossível.

A cantora chegou ao local do desfile acompanhada da mãe e de sua irmã Solange. O motivo da reunião familiar: assistir o sobrinho de Bey, Julez Smith Jr., que ocupou a passarela como modelo.

A coleção foi construída em torno do metrossexual: o homem bem cuidado, com estilo, que investe em si mesmo. Raul Lopez, diretor criativo da casa, explica que existem diferentes gerações de metrossexuais — na era elisabetana e vitoriana, eles usavam maquiagens e perucas; no final dos anos 1970, malhas apertadas; nos anos 1990, cabelos descoloridos. Hoje, Lopez afirma, estamos na era do “stray”, um heterossexual afeminado.

Para ele, a prova disso são os homens que pintam as unhas, usam colares de pérolas e bolsas femininas — confiantes o suficiente para se apropriarem de elementos que desafiam a heteronormatividade.

Na passarela dessa temporada, o designer apresentou peças extravagantes em contraste a outras mais neutras. Apresentou peças justas e brincou com moletom, couro e pele. Lopez provocou o público a questionar normas de gênero.

Foto: Luar. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

Thom Browne

Em uma apresentação teatral, Thom Browne convidou o público a encarar “O Corvo”, de Edgar Allan Poe, sob uma nova perspectiva.

Coberta por neve, a passarela deu destaque a uma “árvore” vestida com um casaco gigante — peça que é marca registrada do designer. Aos poucos, modelos entravam e dominavam o pátio com peças em preto e branco.

O xadrez, já presente em outras coleções da etiqueta, chamou a atenção novamente, assim como os motivos de corvos e flores. Além do pássaro que dá nome ao poema, Browne tomou a liberdade de incluir também outros personagens: os cabelos trançados das modelos lembravam insetos, e bolsas em formato de cachorro complementavam os looks.

Foto: Thom Browne. Fall 2024-NYFW. (Reprodução: Vogue Runway)

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