Vida de Empresária com Cici Navarro

05/11/2021 - por Juliana Lopes

Para entender com detalhes a força de Cici Navarro seria preciso segui-la “desde sempre”. Ou então pesquisar matérias de veículos que abordam carreira e economia: ela foi nomeada Under 30 pela Forbes, a lista de jovens que se destacaram no brilhante mundo de negócios com menos de 30 anos de idade. Ana Cecília Navarro, a Cici, tem 29 anos.

We Pick batalhou por uma preciosa hora em sua agenda para ouvir sua voz simpática, seu jeito natural e agradável que conta sua trajetória. Formou-se dentista com orgulho mas percebeu que seu sonho com a moda poderia transformar sua área para sempre – com a Dra Cherie criou uma linha de jalecos muito alegres, coloridos, fashion, como ela. Faz muita diferença ser atendido por um profissional da saúde que transmita luz e cor, e ela soube levar essa ideia ao sucesso. A força empreendedora parece vir de berço – tudo o que Cici conta tem muita paixão acompanhada de determinação e estratégia. Tanta paixão que os fãs de sua marca viraram fãs dela.

Hoje Cici Navarro é proprietária e gestora das marcas Dra Cherie, de jalecos estilizados, do café Cherie, e de sua carreira de influenciadora (e tem muitos planos secretos pela frente). Nessa entrevista exclusiva ao We Pick ela conta detalhes que nos inspiram.

 

Você trabalhava como dentista. Como surgiu a ideia de virar empresária de moda? 

A ideia da marca Dra Cherie surgiu enquanto eu estudava na pós-graduação. Eu fazia odontopediatria e queria me diferenciar, inspirar uma imagem que traduzisse meu jeito para as pessoas. Como já gostava muito de moda, e sempre fui muito vaidosa, procurei um jaleco diferente para trabalhar. Eu não encontrava nada que me traduzisse, então comecei a produzir meus próprios jalecos. (a marca Dra Cherie produz jalecos coloridos, chamativos, diferentes dos jalecos brancos que os profissionais de saúde tradicionalmente vestem)

 

Quando é que decidiu largar a odontologia de vez?

Quando eu percebi que a odontologia não precisava de mim, tanto quanto a empresa precisava, eu migrei. Chegou aquele momento em que eu tinha que contratar mais gente, dar aquele boost de crescimento. Então larguei a carreira de dentista e não olhei para trás. Eu gostava de ser dentista, eu amava, mas naquele momento eu amava mais a minha ideia, eu amava o sonho que eu tinha que era transformar minha empresa em algo muito maior. 

 

Você já visualizava o sucesso que viria depois?

Sempre digo que projetei. O como chegar lá foi acontecendo no caminho. Percebemos que o terreno era muito fértil. É um feeling, a gente vê, e as pessoas estão consumindo, estão querendo, estão chamando, e querem mais, e você faz, e a demanda cresce. Tomei uma decisão sabendo que estava dando frutos. Não foi nada na loucura, mesmo porque eu dependia financeiramente de mim mesma. 

 

Nessa decisão sua de largar a carreira de odontologia você não sentiu medo?

Eu senti medo, senti medo o tempo todo, eu sinto. Mas a vontade de fazer acontecer, a paixão por tudo isso é maior. Me apego no que é maior, no que é positivo. Vale a pena.

 

Sua família te apoiou?

Com certeza. Na mesma semana que eu tive a ideia, minha irmã entrou em sociedade comigo. Minha mãe foi a primeira pessoa para quem eu contei. Ela era secretária de um consultório médico e saiu vendendo os primeiros produtos ali. Ela foi a primeira funcionária, foi a primeira a divulgar 100% o nosso negócio. E meu pai foi um dos primeiros que disse que eu ia largar a odontologia. Não deve ter sido fácil para ele me dizer isso porque não foi fácil para ele pagar minha faculdade. E eu dizia “imagine, pai””…  

 

E hoje você trabalha em muitas frentes, né? Do que você cuida hoje?

Tenho o café Cherie junto com minha irmã e também atuo como influenciadora de conteúdo. Na verdade são 3 empresas porque ser influenciadora não deixa de ser uma empresa, né? Por isso meus dias são bem malucos. 

Muitas vezes pessoas sonham em planejar uma carreira de influenciadora. Como isso aconteceu para você?

Ser influenciadora para mim foi um caminho natural. Porque nasceram primeiro as empresas e depois nasceu o meu branding pessoal. O caminho costuma ser inverso. Geralmente nascem as influenciadoras e em função disso elas criam suas próprias marcas. Eu não. Eu vim primeiro de uma marca que criei. E foi um fluxo natural, eu comecei a me comunicar com as pessoas dentro da marca e a partir disso decidi criar minha conta no instagram. Os fãs da marca começaram a migrar para o meu instagram pessoal. E comecei a entender que eu gostava de me comunicar e criar conteúdo de fato, mostrar minha vida, meu lifestyle, meu gosto, meu estilo. E comecei a investir mais nisso. E foi quando comecei a dar atenção a isso, e como  tudo a que você dá atenção expande, eu realmente comecei a ser influenciadora. 

“Tudo a que você dá atenção expande”

Como você organiza sua agenda de empresária e influencer?

Quando decidi que ser influencer se tornaria um trabalho comecei a ir fundo, com muita responsabilidade. Comecei a pensar em como administrar tudo do meu jeito, com meu DNA. Sem perder o DNA da marca. Tudo isso consiste em criação de conteúdo, um tempo que você se dedica para uma publicação, para uma publicidade, para aquele conteúdo para o qual você foi contratada pra fazer. Nisso eu comecei a trazer mais pessoas para me ajudar. Precisava emitir nota fiscal, fazer diversas coisas burocráticas que uma empresa precisa fazer. Aí entrou a contabilidade, entrou a responsável pelo Financeiro. Agora eu tenho a Carol que está ao meu lado me ajudando na minha agenda, na minha estratégia. Quando falar de cada marca? Em que dia? E como falar de cada marca? Como dar mais resultado? Hoje eu tenho um time que me ajuda mas no começo era tudo eu, então quase fiquei doidinha até realmente entender que aquilo era uma empresa, que era um negócio. Um negócio que eu amo fazer, eu amo me comunicar, mas isso precisava sair como um negócio mesmo. Com burocracias como qualquer empresa, por isso chamei pessoas para me ajudar. 

Você lembra o dia em que você pensou “ai meu Deus, isso é um negócio!”? 

Eu lembro. Foi na pandemia. De fato eu tinha todas as minhas empresas para cuidar e ao mesmo tempo muita marca chegando, melhorei muito meu conteúdo. Comecei a ter muita proposta. E aí percebi que eu não conseguia nem conferir se eu estava recebendo, se eu estava emitindo as notas certas, e eu não podia ter esse tempo gasto, meu tempo é muito contadinho. Agora eu preciso de ajuda, preciso de pessoas. Eu estava quase enlouquecendo aí eu trouxe uma pessoa para me ajudar, a Carolzinha. Ela tem me demonstrado que se eu fizer uma gestão com maior antecedência eu consigo ter uma vida mais tranquila, então estamos nessa fase, né? (rs)

Você consegue entender exatamente o que foi do seu conteúdo que chamou a atenção das pessoas?

De fato a minha história é o que mais cria conexão com as pessoas. A Cici que surgiu pela sua empresa, pela sua garra, pelo seu empreendedorismo, e que começou com um projeto muito pequeno. Mostrei cada degrau do que construí na minha carreira. Quem me segue desde que comecei também percebe como evoluí em relação à moda, a estilo, em como mostrar isso tudo. Eu não tinha essa facilidade de falar que eu tenho agora. Foi sendo construído aos poucos e as pessoas se conectam porque de fato é a minha vida real sendo contada. 

Consegue lembrar algum dia em que teve dificuldade de comunicar tantas informações? De não saber o que postar ou o que dizer?

De fato é muita informação, mas eu sou uma pessoa muito decidida. Por exemplo, se eu tenho um evento e não vou conseguir um look diferente porque a marca ainda não me patrocina, vou criar conteúdo mesmo não estando lá ainda. Ou então, se olho pro armário e não sei o que vestir, faço uma pesquisa online e consigo resolver rapidinho. Hoje com a Internet é muito tranquilo.

Já precisou de um stylist para te ajudar?

Não. Sigo meu gosto e vou escolhendo.

Quanto tempo você demora para escolher uma roupa?

Eu sou muito rápida. E muito prática. Se eu me pego num dia demorando muito pra escolher um look fico brava comigo. “Ah, você não é assim, vai!”, digo pra mim mesma. 

“Com a moda você pode ser o que quiser a cada dia”

Você tem algum estilo preferido?

Sempre falo que não tenho um estilo. “Ai, sou clássica!” ou “nossa, sou moderna”. Eu sou o que no dia eu achar que preciso ser. Vou vestir o que me faz sentir o que eu quiser. A moda traz muito isso, de você poder ser o que você quiser a cada dia. O que sua auto-estima perceber como necessidade. Me deixo levar. 

Conta um pouco sobre isso?

Por exemplo, se estou com um vestido muito clássico com que qualquer pessoa usaria um scarpin, eu coloco um coturno, dou uma desconstruída, trago isso com um toque diferente. Eu amo usar blazer mas não gosto de usar como terninho muito certinho daquele jeitinho, sabe?. Gosto de desconstruir com jeans, um tênis. Faço essas variações dependendo de onde vou. Se é uma reunião extremamente importante aí eu vou puxar um ar mais clássico. Se for um dia cheio de coisas vou querer ser confortável e ao mesmo tempo bonita e descolada. A moda consegue te dar várias versões em uma pessoa só. 

Com sua concepção de gosto e praticidade, é mais fácil administrar sua empresa de influenciadora, a marca de roupa ou o café?

Eu acho que a marca e o café são mais difíceis porque tem muitas pessoas dependendo de mim e são meu core business né. Meu foco sempre em primeiro lugar serão as marcas. No momento dedico bastante tempo ao Café Cherie, como seleção de produtos, escolha de cardápio, ações de marketing. Mas ao mesmo tempo não podemos deixar de citar o quão difícil é ser criador de conteúdo. Porque a cabeça não pára um segundo, queremos sempre estar juntinho do nosso público. As pessoas dispõem do tempo delas para ouvir você, poxa, isso é muita responsabilidade! Quero dar meu melhor, evoluir com isso, colocar as pessoas pra cima e é isso que elas esperam de mim, e o que eu espero de mim. É difícil, mas ao mesmo tempo gratificante porque as pessoas me botam pra cima.

O que te mantém com essa força? É a sua fé, sua espiritualidade, os livros que você lê?

De fato, a fé é o maior pilar. E eu consumo muito conteúdo que auxilia nos meus negócios. E eu sou muito sonhadora. Mas não sou aquela sonhadora que fica esperando as coisas acontecerem. Eu sou a sonhadora que parte para a ação. Se aquilo é o meu sonho, me pergunto o que preciso fazer. Depende de mim, do meu mover, do meu relacionar. Sou obstinada, tenho fé e acho que as coisas são possíveis desde que a gente se mova em direção a elas. 🙂

 

 

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