Dior e o futuro do passado

28/09/2021 - por Juliana Lopes

Um túnel do tempo se abriu, todo colorido e pop, e nos levou para os anos 60. Desde o primeiro minuto a referência estava forte e clara: um clima de juventude de outros tempos, o frescor da modelo Twiggy, as minissaias de Mary Quant que revolucionaram o mundo. As cores eram primárias misturadas com tons candy, como o rosa chiclete, bastante color block e p&b. Os fru-frus de Dior foram poucos, um bordado ali, outro aqui, um laçarote ou uma franjinha (pontuais). A base mesmo foi minimalista.

Como toda boa coleção minimalista, o que fica na nossa lembrança são as modelagens, nesse caso o design geométrico, preciso, e (bem) mais próximo do corpo. Abandonamos nesse caso aquela vibração do comfy que tanto temos assistido e que nos levam a um oversize. Eu chamaria aqui de “littlesize”, uma alfaiataria mais próxima ao corpo, quase delineando. Encontramos as blusinhas cropped (um trend absoluto de muitas marcas) e ela, a rainha do verão da Dior: a minissaia. Haja perninhas de fora neste verão.

As opções de vestidos vieram também em trapézio. Para quem não quiser apostar em acinturados, esse modelo é ideal, triangular. Tão geométrico quanto a cenografia da italiana Anna Paparatti que colocou as modelos como peças de um tabuleiro. E a coleção vem tão libertadora como propôs, nos anos 60, o então diretor criativo Marc Bohan que trouxe essa linguagem naquela década.

Mas por que é tão importante saber o que acontecia naquela década? Porque a essência de juventude, de rebeldia, de liberação, de romper limites está no coração da coleção. Existe algo lá, um espírito de um tempo, que habita a criação de Maria Grazia Chiuri. Ela sabe muito bem do que está falando e da importância que foi esse sonho de Futuro que movia os jovens nos anos 60. Época de paixão pelo rock, época dos Beatles, época em que todo mundo sonhava passear pelos brechós de Londres, a agitada Swinging London. A moda dos anos 50, mais madame, mais senhora e comportada estava dizendo adeus para algo muito mais sacudido, muito mais novo, mais despudorado, mais fresh.

Pensando no que passamos até agora, quem duvida de que precisamos de cores? De frescor? De nos movimentar como antes? Com mais jovialidade, praticidade, corpo à mostra e assim voltar a sonhar com um futuro – ainda que com saudades do passado.

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