Tudo o que você precisa saber sobre algodão regenerativo em cinco minutos

03/04/2024 - por Izabella Toledo (@izabellatmelo)

Conheça mais sobre o tecido tecnológico que pode amenizar a pegada ambiental da indústria da moda

Longe de ser um grande (ou qualquer) exemplo de sustentabilidade, a indústria fashion parece não ter encontrado, ainda, um equilíbrio entre o que produz e o que o planeta é capaz de suportar.

Em busca de práticas menos agressivas ao meio ambiente, algumas empresas têm adotado iniciativas ESG, que prometem reduzir o impacto de suas produções e colaborar para um mercado mais clean. Dentre as alternativas, o uso do algodão regenerativo na confecção do jeans ganha destaque e deve se tornar cada vez mais comum.

Se você ainda não está familiarizado com o termo, não se preocupe, simplificamos o tema e contamos tudo o que você precisa saber. Segue o fio!

O que é agricultura regenerativa?

Criado em 1983, o termo faz referência às técnicas agrícolas capazes de conservar e reabilitar o solo, mantendo o sistema apto a continuar produzindo e gerando frutos sem prejudicar a saúde da biodiversidade local.

Ao contrário da agricultura convencional, que busca repor o que já foi degradado, a ideia da cultura regenerativa é que não se chegue à exaustão do solo.

E, na prática, como funciona?

Na prática, algumas técnicas podem ser adotadas para manter a saudabilidade do ecossistema local. Dentre elas, estão a redução no uso de químicos e a adoção de produtos biológicos que podem, além de controlar as pragas e doenças, contribuir para o desenvolvimento saudável das plantas.

Atividades que conservam os recursos naturais também devem ser consideradas; além de se preocuparem com a preservação de áreas de vegetação nativa, as empresas devem priorizar ferramentas tecnológicas e estudar os fatores geográficos e biológicos.

Assim, por meio da agricultura de precisão, é possível otimizar a produção e a utilização dos insumos — por exemplo, entender o regime de chuvas pode ajudar as produtoras a evitarem o uso de sistema de irrigação.

Quais são os benefícios?

À primeira vista, pode parecer que os impactos da agricultura regenerativa estão restritos à saúde do solo, combatendo a erosão e melhorando a retenção de nutrientes. Porém, a natureza é cíclica e conectada, e, por isso, as práticas sustentáveis podem promover a biodiversidade e ter outros impactos grandiosos.

Nos locais onde as técnicas são aplicadas, é possível observar “o aumento da presença de insetos (…) que atuam no controle de pragas e de doenças nas lavouras, e uma maior população de microrganismos benéficos no solo” (dados: Scheffer). E, com mais microrganismos na terra, maior será o controle da emissão de gases causadores do efeito estufa, como o CO2 (de novo, tudo se conecta).

Além disso, a agricultura regenerativa pode ser eficaz também na preservação de recursos hídricos — cada vez mais escassos e valiosos.

É importante considerar, ainda, que implementar medidas sustentáveis na base da produção é uma maneira de estimular o mercado a adotar outras práticas éticas e responsáveis. Assim, a tendência é que, a médio e longo prazo, a indústria têxtil esteja coberta, de ponta a ponta, de práticas que incentivam e facilitam um consumo mais consciente.

Tem no Brasil

Em um projeto pioneiro no cenário nacional, a multinacional brasileira Vicunha desenvolveu um tecido de algodão regenerativo cultivado em sistema de sequeiro (técnica realizada em solo firme, sem irrigação). O material possui o selo regenagri®, da certificadora global Control Union, que atesta a melhoria contínua na implementação e acompanhamento de boas práticas de agricultura regenerativa.

Quem já utiliza a inovação em suas produções é a catarinense Damyller, que se compromete a produzir o jeans mais sustentável do Brasil. O compromisso da label, que é referência em denim, vai além da utilização inteligente de matérias-primas limpas; a etiqueta utiliza serigrafia natural (isto é, tinta natural), recicla sempre que possível e, quando necessário, realiza o descarte correto dos resíduos.

Linha Algodão Regenerativo Damyller (Thiago Justo/Divulgação)

Recentemente, a grife anunciou o lançamento de duas calças exclusivas criadas a partir do algodão regenerativo da Vicunha, reforçando seu posicionamento no mercado brasileiro. De acordo com German Alejandro Silva, CMO da Vicunha, “A parceria entre ícones da cadeia têxtil, como Vicunha e Damyller, impulsiona práticas sustentáveis que provocam uma transformação abrangente na indústria da moda”.

Quem também fechou parceria com a multinacional foi a gigante Calvin Klein. Com 70% de suas peças feitas a partir de algodão, a marca reconhece a importância de buscar inovações e de se alinhar às práticas ESG.

Por isso, em sua nova coleção de outono/inverno 24, a americana desenvolveu peças com o tecido Letízia Reagen, da Vicunha, proveniente do algodão regenerativo. A união reforça o compromisso da Calvin Klein com ações de responsabilidade socioambiental enquanto mantém qualidade e escala.

Jeans Calvin Klein (Divulgação)

“Sempre reiteramos o nosso trabalho em busca de boas práticas na cadeia de produção. Estar ao lado da Vicunha na elaboração destes produtos reafirma o nosso objetivo e reforça o papel da Calvin Klein em torno do uso correto do algodão”, comenta Fábio Vasconcellos, presidente do grupo PVH e Calvin Klein Brasil.

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