Confira o que foi apresentado pelos designers na última quinta-feira (11) na Semana de Moda de São Paulo
Patricia Vieira
Uma semana: foi esse o tempo que a Patricia Vieira levou para criar a coleção apresentada nesta quinta-feira (11). Para uma designer com tanta experiência e uma equipe entrosada, o curto prazo não é obstáculo para criações de tirar o fôlego.
Inspirada em sua recente viagem ao Vale Sagrado dos Incas, no Peru, a estilista carioca adicionou franjas e tranças a looks monocromáticos e transformou materiais de descarte em coloridos mosaicos tridimensionais.
Apesar de acreditar que, para criar uma coleção, é preciso abandonar as produções passadas, a designer não deixa de lado o que sabe fazer de melhor: trabalhar o couro e usar o material em modelagens diversas. Vestidos, saias-tubinho ou evasê, casacos alongados, camisas e minishorts — you name it, Patricia e sua equipe podem fazer (e muito bem-feito!).
Fauve
A estreia de Fauve foi uma feliz surpresa. Chamada “Prelúdio”, a coleção brincou com silhuetas, contrastes e matérias.
Clara Pasqualini abusou das formas exageradas — principalmente, nos quadris — e misturou materiais leves e pesados, como o tule com a pelúcia. Enquanto os balonês reforçaram as formas densas, peças transparentes e plissados deram movimento à coleção.
Ao experimentar novas técnicas e criar arte em forma de roupa, a estilista compartilha com o público sua vulnerabilidade — sensibilidade que pode ser admirada com sua entrada emocionada na passarela ao fim do show.
Renata Buzzo
Nessa coleção, enquanto franjas deram movimento para algumas peças, o veludo e o corset adicionaram peso e rigidez a outras. O traço em comum entre todas as criações foi o tema central: a estilista, apaixonada pela feminilidade e temas sensíveis, convidou o público a um passeio em uma floresta encantada.
Aplicações de flores e folhagens se destacaram, e um jacquard florido ganhou versões em verde e vinho. Outro elemento que veio diretamente dos contos de fada foi o pannier, responsável por acrescentar volume no quadril e resgatar a estética rococó do século XVIII.
E, se o final feliz nos contos infantis é a união dos personagens principais, as noivas que desfilaram os últimos looks da apresentação são o final perfeito para a história de Renata Buzzo.
AZ Marias
Engajada em temas de sustentabilidade e cultura afro-brasileira, a marca se inspirou no conto das borboletas de Oyá, a “senhora dos ventos”, de matriz africana. Deste ponto de partida, foram criados looks que representam a brisa, nuvens e fumaças.
Além das formas que traduziam literalmente o tema, fluidas ou acolchoadas, as cores claras e tecidos transparentes ajudaram a reforçar o conceito.
Este foi o quarto ato da coleção “Florescer”, que começou na SPFW N54 e já se dedicou a outros elementos da natureza: terra, água e fogo.
Marina Bitu
Nascida e criada em Fortaleza, Marina investigou as origens das gerações anteriores da família Bitu, no Cariri cearense. Inspirada por suas descobertas, a diretora criativa dividiu o desfile em quatro partes.
No primeiro bloco, natureza e arqueologia foram o foco. Os fósseis bem preservados apontam que foi ali que surgiram as primeiras flores do continente. Os fuxicos apresentados homenageiam a flora local, e as peças em linho são tingidas manualmente com casca de romã, simbolizando a pedra de calcário laminado, abundante na região.
Os materiais utilizados também resgatam a natureza: para criar os macropaetês, alunos do SENAC Crato utilizaram pó de café e óleo de girassol.
No segundo bloco, os povos originários são relembrados. Segundo a tribo Kariri, o mundo começou e deve terminar na região — e vem daí o nome da coleção, “Cariri: o Início e o Fim”. Essa transição do tempo é representada pelas estampas pintadas por Paula Siebra, que representam o céu no amanhecer; nas miçangas transparentes, que representam o orvalho; e no crochê colorido, que ilustra o final de tarde, apelidada de “hora dourada”.
E, pela terceira vez ao dia, as franjas apareceram sem timidez. No bloco reservado a temas de religiosidade e cultura, as fitas foram elementos usados para representar os adornos do Reisado — ou Folia de Reis.
A imersão na cultura do Cariri inspirou a estilista a celebrar, também, a artesania local. Com tantas técnicas manuais e representações artísticas na região, vale ressaltar a construção de peças de palhas a partir da fibra da bananeira.
Para encerrar o show, a passarela foi transformada em uma grande festa — o Folguedo, festejo tradicional da região. A fila final foi embalada pela Banda Cabaçal de Santa Edwiges, e, assim, as peças ganharam um movimento especial, com modelos dançantes e sorridentes.
Silvério
Os códigos de Rafael Silvério estão aí: tecidos drapeados e camisaria nada óbvia. O estilista se inspirou na música, e a Clave de Fá e instrumentos musicais se destacavam — estes últimos, em resgate à música negra, como o contrabaixo, o violoncelo e o trombone.
A beleza também resgatou ícones da cultura musical: enquanto a maquiagem se inspirava em Sade, as perucas resgatavam o icônico visual de Whitney Houston em seu casamento.
LED
O tema eleito pela LED nesta temporada já foi explorado pelo diretor criativo Célio Dias: amor. Em outras edições, o sentimento foi traduzido em forma de dor e sofrimento; agora, o estilista seguiu o baile e comemorou as delícias de amar.
A nova coleção, “Lindo Baile”, traz manifestações literais — nos jeans com shapes de corações ou nas t-shirts gráficas, onde se lê “faça amor, gostoso demais” — mas também outras imagens abstratas, que celebram as intimidades do autoamor.
A marca mineira também abusou do jeanswear, criado em parceria com a Pool Jeans by Riachuelo, e do xadrez, já conhecido de quem acompanha a marca.