Mayari Jubini: a estilista que conquistou as fashionistas

14/03/2024 - por Izabella Toledo (@izabellatmelo)

Em uma série exclusiva para o mês das mulheres, convidamos mulheres admiráveis para compartilharem mais sobre sua carreira e trajetória

Reprodução: Instagram/@mayarijubini

Para quem acompanha a moda nacional, o nome de Mayari Jubini não é desconhecido. A capixaba lidera a Artemisi, etiqueta que fez uma estreia grandiosa na última edição da São Paulo Fashion Week e já domina a wishlist das fashionistas. Entre os nomes que vestem a grife estão Demi Lovato, Julia Fox, Sabrina Sato, Gabriela Prioli e muitos outros.

Com peças que celebram a mulher e despertam a confiança, Mayari começou na moda sozinha. Em 2019, fundou sua etiqueta própria e se desafia, diariamente, a criar peças diferentes de tudo o que existe no mercado. Hoje, é reconhecida por suas criações em 3D, pelas glamourosas aplicações de cristal e pelos desenhos manuais que chamam a atenção para as silhuetas ultramodernas— e, vale dizer, todas as suas criações são designs exclusivos, produzidos sob medida.

Débora Secco veste Artemisi para Baile da Vogue (Reprodução: Instagram/@mayarijubini)

Em uma série que comemora mulheres que admiramos, Mayari compartilhou mais sobre sua trajetória, relembra grandes conquistas e compartilha quem são outros nomes que servem como inspiração. Confira a entrevista completa:

 

 

Com a Artemisi, você já vestiu grandes nomes. Todas elas, com estilos tão diferentes entre si, têm em comum uma personalidade marcante e são mulheres fortes. Quais você acha que são as características ou valores da marca que atraem esse público?

A Artemisi por si só tem muita personalidade, essa nossa forma de criar que é muito provocadora e única, consegue traduzir o que tem de mais forte nessa pessoa que vai usar o look, consegue personificar o que tem de mais poderoso nessa pessoa e tornar isso visível. Inclusive, é muito comum elas se sentirem muito bem, muito poderosas, usando os nossos looks, porque eles são muito marcantes, muito trabalhados então eles têm esse poder de impor esse grande poder de impacto. A marca também fala muito sobre inovação, sobre estar à frente do tempo. Isso, consequentemente, acaba atraindo um público com as mesmas características. E a estética da Artemisi é tão sólida que, mesmo vestindo pessoas de diversos tipos, o público sempre reconhece os nossos looks.

Suas criações são feitas com técnicas que exploram tecnologias muito recentes, como o 3D, e, ao mesmo tempo, são muito manuais. Como você combina esses dois universos, que parecem tão distantes?

O universo central da Artemisi é o futuro, mas a gente não fala sobre ele de uma forma convencional e batida, a gente não usa uma estética pré-estabelecida no passado. O futuro da marca vem do domínio das mais variadas técnicas, das mais diversas formas de se fazer uma peça. A gente usa técnicas extremamente novas e avançadas, por exemplo, a impressão 3D. Não tinha nenhum método já pronto, a gente teve que criar o nosso para ter uma peça de moda em 3D, que tivesse ergonomia e um acabamento impecável. Eu tive muitos meses de estudo, dedicação e testes para chegar naquele resultado, e é assim com todas as técnicas, essa foi só uma delas. Então imagina, a gente [tem que] dominar várias técnicas diferentes e, para cada uma delas, tem toda essa imensidão por trás que ninguém vê, só [enxerga] o resultado final. Ao mesmo tempo, a gente valoriza e faz muitos trabalhos manuais. A gente não limita a peça a nada, e é exatamente [sobre] isso: trazer essa modernidade de uma nova forma, mas não de uma forma óbvia. Pode vir de um trabalho manual ou de uma técnica extremamente tecnológica — essa é a questão.

Para você, o que é feminilidade na moda?

Antes de tudo, existe a forma como cada mulher se sente poderosa e imbatível. Se é com uma roupa larga, justa, longa, curta… essa é uma discussão abaixo disso. É muito raso a gente pensar que  existe uma fórmula definida para se atingir isso em alguém. O meu papel é justamente saber de que forma eu vou atingir isso nessa pessoa.

O que você quer que as mulheres sintam ao usarem suas criações?

A gente percebe nas provas a empolgação delas quando vestem as nossas roupas. Elas se sentem as mulheres mais lindas e confiantes do mundo. É muito incrível ver isso, quando elas colocam [a roupa], é muito comum elas brincarem que não querem mais tirar. Isso diz muito sobre o look em si e também sobre o poder que ele causa. E ntão é sempre muito gratificante ver essa reação quando elas se vestem.

Quais são as mulheres que te inspiram?

Eu sou muito inspirada por mulheres comuns que tiveram que lutar para conseguir seu espaço. Eu já me senti muito inspirada por bordadeiras, vendedoras e diversas outras mulheres que já cruzaram o meu caminho. Saber da história delas sempre foi um combustível para mim. Eu costumo admirar mulheres que construíram seu caminho vindo do nada, porque eu sei como é difícil você fazer esse processo; primeiro, porque você veio do nada, e, segundo, porque você é mulher — o que torna tudo mais difícil ainda. Então esse tipo de contexto me afeta muito. Agora falando de mulheres da mídia, são várias também que me provocam isso, mas citando algumas: Elsa Soares, Zuzu Angel, pela coragem política, e, em 2024, eu acho que é impossível a gente não falar da Anitta — é inquestionável todo o poder que essa mulher tem.

Anitta veste Artemisi (Reprodução: Instagram/@mayarijubini)

Qual foi a virada de chave que você pensou: “cheguei lá!”?

Eu não acho que seja só um momento específico que simbolize isso, mas sim uma junção de momentos. Ter vestido pessoas gigantes, como a Demi Lovato, e não só ter vestido ela, mas como eles [a equipe de Demi] terem me pedido várias vezes depois para vestir ela; ter saído em todas as maiores revistas de moda; ter matéria sobre mim; [ter] a minha marca publicada em vários jornais; ter peças minhas publicadas em vários veículos de fora do Brasil também… enfim, foram muitas situações.

Tem uma coisa que aconteceu, e que acontece, que eu também acho que foi muito importante nesse processo, foi quando eu percebi que eu recebia, quase diariamente, e-mails de pessoas de fora do Brasil querendo os looks, e isso é muito difícil. Conseguir esse olhar de outros países é muito difícil, então eu fiquei muito feliz quando eu fui percebendo essa frequência. Semanalmente, a Artemisi recebe vários e-mails de fora. A logística do Brasil ainda é meio complicada para envio, muitas vezes acaba não dando tempo de chegar, mas perceber que o mais difícil eu tinha conseguido, que é esse desejo de outros países, foi muito importante assim. Foi incrível ter visto isso.

Além de ser um dos destaques da SPFW logo em sua estreia, você conquistou uma posição na lista da Forbes Under 30. Como você percebe que o mercado encara mulheres jovens sob duas perspectivas: como empreendedoras e como forças criativas?

Ter conseguido o lugar no Forbes Under 30 foi muito significativo. Eu tenho esse lado dos negócios muito aflorado também, eu sempre soube que não poderia ser só criativa. E a criatividade está comigo desde sempre, desde quando eu era criança, e esse lado sempre foi muito nítido. As pessoas ao meu redor sempre perceberam muito esse meu lado criativo, então, ao longo do tempo, eu busquei muito desenvolver o lado dos negócios, [então] a posição na lista foi muito gratificante. Eu acho que o mercado tem sido mais atento para essas mulheres empreendedoras e criativas, mas acho que isso é um reflexo da nossa própria consciência de hoje, a gente tem muito mais nítido na nossa cabeça a nossa potência e do quanto a gente é capaz de conquistar lugares muito altos.

(Reprodução: Instagram/@mayarijubini)

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