É bem provável que a transformação do Instagram em uma plataforma nos moldes do TikTok represente o fim das redes sociais como conhecemos hoje. “O feed está deixando de ser guiado por pessoas e contas que você segue para ser guiado por conteúdo recomendado por inteligência artificial, mesmo que você não siga os criadores que postaram o conteúdo”, declarou Mark Zuckerberg, presidente e CEO da Meta. Para entender como o foco nos algoritmos tomou o lugar das conexões sociais, vale uma reflexão sobre como cada rede social contribuiu para a adoção de novos hábitos e mudanças no comportamento de consumo de conteúdo.
Vamos voltar ao ano de 2010, quando o Instagram nasceu como uma rede de compartilhamento de fotos. Naquela época – tida, por muitos, como a melhor de todas – a gente queria ver, curtir e comentar as fotos dos nossos amigos e familiares. Rapidamente, marcas e pessoas perceberam o poder de influência da rede, tanto em comportamento quanto em consumo, e passaram a abusar de conteúdos focados em compartilhar lifestyle por meio de feeds estéticos e fotos filtradas. Saltamos, agora, para 2016, quando o Instagram criou o Instagram Stories, totalmente em resposta ao sucesso do Snapchat, a rede em ascensão do momento. Conclusão: os Stories trouxeram uma nova narrativa, muito mais próxima e mais real ao app, e a ideia de contar pequenas histórias em 15 segundos faz sucesso até hoje.
Avançamos, então, para 2018, quando o TikTok chegou ao mercado, para aterrissar em 2020, em plena pandemia, quando o aplicativo chinês viralizou, revolucionando a forma de se produzir conteúdo por meio de vídeos curtos, no formato vertical e com edições dinâmicas. O sucesso foi tanto, especialmente entre os nativos da Geração Z, que obrigou tanto o Instagram quanto o Youtube a criarem novos formatos, nascendo, assim, os Reels e os Shorts, respectivamente. Desde, então, vivemos a era das dancinhas e das dublagens, e os vídeos feitos para captar a nossa atenção nos primeiros cinco segundos são os campeões de alcance e engajamento. Para efeitos de comparação, uma pesquisa de junho de 2022, no Instagram, revelou que os Reels têm uma taxa de engajamento de 1,95%, enquanto, as fotos, têm uma taxa de 0,62%.
Porém, as mudanças provocadas pelo aplicativo não param por aí. Ao contrário do que se pensa, o TikTok não é uma rede social, e sim uma plataforma de vídeos com foco no entretenimento. No Instagram, você segue os perfis que gosta ou admira. Tirando os posts patrocinados, nossa timeline é composta por marcas e pessoas que escolhemos seguir. Já o TikTok funciona por meio do algoritmo de recomendação, exibindo, no feed, qualquer pessoa que tenha uma conta na plataforma.
E o que tudo isso tem a ver com o futuro? A constatação de que o componente social perdeu sua força. Entramos na era da recomendação, em que o algoritmo se revela tão poderoso a ponto de determinar o tipo de conteúdo que recebemos. As redes para se conectar com amigos e familiares estão perdendo seu valor e tanto as mídias, quanto o mercado, vão precisar se adaptar ao novo momento.