Participar de uma semana de moda é um dos momentos mais especiais na vida de quem trabalha nesse mercado e é apaixonada pelo que faz. Estar na Paris Fashion Week, por se tratar do berço da moda e pela tradição das grandes maisons francesas, como Chanel e Dior, é uma experiência, especialmente, emocionante. A última segunda-feira (04/07) marcou o início da temporada de alta-costura outono/inverno de Paris, com o desfile dramático da Schiaparelli.
É a primeira semana totalmente presencial depois da pandemia e eu tenho o privilégio de estar aqui e contar um pouco dos bastidores pra vocês.
Porém, antes, vale uma breve explicação: temos quatro semanas de moda, em Paris, ao longo do ano, duas de alta-costura e duas de prêt-à-porter. As coleções são criadas de acordo com as estações, ou seja, a temporada de primavera/verão e a temporada do outono/inverno. A principal diferença entre elas é que na de alta-costura (haute couture) todos os looks são exclusivos, feitos à mão e sob medida, enquanto no prêt-à-porter, que significa “pronto para vestir”, as roupas são produzidas em maior volume e em tamanhos padronizados pela marca, permitindo, assim, uma produção em larga escala. Primeiro, as marcas desfilam sua alta-costura, justamente por seu caráter mais conceitual, depois desfilam seu prêt-à-porter, que tem uma finalidade muito mais comercial – serão essas peças que veremos, mais tarde, nas vitrines e no streetstyle.
Os preparativos para uma semana de moda começam com antecedência. Primeiro, precisamos entender a logística do evento, estudar o cronograma e solicitar os convites – aqui, o mais difícil é segurar a ansiedade e a expectativa, porque muitas confirmações chegam de última hora. Depois, focamos nas minhas produções de moda. Junto com o meu stylist, pensamos em cada look e em cada detalhe. Damos uma atenção especial para a escolha de acessórios coringa, já que muitos looks eu só tenho acesso quando chego aqui. As influencers e atrizes costumam participar dos chamados “fitings”, que é quando a marca nos convida para provar e emprestar a roupa que usaremos durante o desfile. Por último, e não menos importante, focamos na estratégia de produção de conteúdo, justamente porque sei o tamanho da minha responsabilidade em fazer uma cobertura o mais completa possível do evento.
Pensamos na construção das pautas, nas ideias e nos melhores formatos de conteúdo. Buscamos referências desde as trilhas sonoras dos vídeos às poses para as fotos – cada detalhe é crucial para comunicar esse storytelling. Posso garantir que a cada nova temporada que tenho o prazer de participar, meu nível de entrega e exigência fica maior, porque quero conseguir compartilhar ao máximo com os meus seguidores, fazendo com que cada um deles, mesmo que por um instante, viaje comigo pela tela do telefone. Não apenas registrando a moda, como os bastidores e toda a experiência, do hotel à gastronomia, das trocas de roupa dentro do carro à correria para dar conta dos muitos desfiles, dessa semana na cidade luz.
Coluna publicada originalmente no jornal Metro.