Os desfiles acontecem entre os dias 27 e 31 de janeiro
No calendário dos amantes de moda, as Semanas de Alta-Costura ganham destaque especial. Em Paris, algumas das etiquetas mais luxuosas do mundo desfilam coleções feitas à mão e colocam no spotlight suas maiores qualidades.
Como de costume, quem abriu a temporada foi Schiaparelli — dessa vez, menos conceitual do que seu público está habituado. O surrealismo de Daniel Roseberry apareceu em alguns acessórios, mas, dessa vez, o destaque foi outro: entre tons de nude acetinado e dourado reluzente, silhuetas-ampulheta resgataram uma estética retrô, com espartilhos apertadíssimos que contrastavam com volumes estratégicos.
Quem também apostou na cintura fina foi a Dior, de Maria Grazia Chiuri. Inspirada na silhueta trapézio de Yves Saint-Laurent, a estilista combinou modelos estruturados a elementos delicados, como as flores e os laços. Entre suas grandes referências para a apresentação, a obra surrealista de Dorothea Tanning, Eine Kleine Nachtmusik, de 1943.
Na tela, é possível observar o cabelo verticalizado, reproduzido nas passarelas como um moicano punk, e saias recortadas — quase como se estivessem fugindo de quem as usam.
A referência a obras inusitadas também apareceu em Rahul Mishra. As peças escuras com pontos brilhantes são uma referência ao poema de Carl Sagan que reflete sobre uma fotografia da Terra de 1990, tirada pela sonda Voyager 1. Na imagem, que ficou conhecida como “Pálido Ponto Azul”, o espectador observa como nosso planeta não passa de um pequeno ponto, quase imperceptível, em meio à imensa escuridão cósmica ao redor.
Na contramão da escuridão e pontos minúsculos, Giambattista Valli fechou o dia com os volumes já conhecidos (e amados) por quem conhece a etiqueta. Com uma paleta de cores vibrantes, texturas elaboradas e bordados riquíssimos em detalhes, o diretor criativo mostrou que mais é mais — especialmente, durante a Semana de Alta-Costura.